Estamos
oficialmente na Terceira Guerra Mundial. Deu ontem na rádio, estão
compartilhando no facebook e já está nos top trends do twitter. Eu nunca
imaginei que viveria uma Grande Guerra, achei que isso já estava meio superado.
Que nem a ditadura. O terrorismo não, isso andava bem na moda, mas isso acho
que nunca vi de perto. Agora, a guerra foi oficializada no facebook, e eu estou
vendo as fotos e vídeos. Tem gente morrendo, tem gente matando, e eu achava que
isso já não existia mais. Ouvia desde pequena, na escola, que o melhor jeito de
resolver as coisas era com o diálogo. Ouvi isso a vida toda. Mas os moleques
levavam advertências e suspensões, e às vezes eram até transferidos pra escola
da rua de cima, que chamavam de “lixão” – era escola de transferência dos
piores alunos do Estado. Era difícil conversar. Eu não queria ir pro lixão,
óbvio.
Nos trabalhos
era tudo resolvido democraticamente... Só uma vez que eu e uns outros
funcionários fomos demitidos, eu não sei bem por que, mas eles sempre disseram
que queriam nosso melhor, então deve ter sido por bem. E nos outros empregos
também, tudo era resolvido em reunião. Eu sou meio atrapalhada, às vezes não
sabia da reunião, ou quando ia não entendia bem as coisas, mas tinha gente que
pensava em nós.
Essa guerra
parece que é diferente. É uma guerra do mundo consigo mesmo. Cada país tem seu
motivo e sua luta interna, cada povo tem sua causa. É a massa contra o poder,
dizem. A princípio parece tudo a maior baderna, sabe, a casa tá caindo. Mas,
por mais que não seja um bloco de países X contra outro de países Y, essas
guerras de hoje parecem até que têm blocos mais coerentes, com objetivos mais
mundiais.
É horrível,
horrível ter a rotina abatida assim, desse jeito. Dá vontade de ser como era,
tudo em paz. Mas olha, acho que todo o mundo já ouviu essa história de que o
diálogo é melhor, e tô chegando à conclusão de que o diálogo é uma escolha, a menos
usada, ou uma mentira, mesmo.
Eu achava que
a Terceira Grande Guerra ia ser um negócio bem futurista, com carros voadores,
roupas à prova de bala para todos, óculos com laser, um climão hollywood assim.
Achei que ia ser contra O Mal, tipo Sauron, ou Os Comunistas, alguma coisa do
tipo. Achei que ia ter um mocinho pra me salvar e me amar por toda a vida. HÁ!
Amor tá difícil achar, viu. Talvez essa guerra toda seja mesmo porque
desaprendemos a amar. Essa também é uma guerra de nós contra nós mesmos, uma
guerra para matarmos o tirano que existe em nós.
Parece que
esse tempo de conflitos é inevitável, e parece que é necessário. Eu acho que
vou arrumar minhas malas, por via das dúvidas. Tô levando dois coquetel
molotov. Se alguém precisar de algo é só me chamar no whatsapp. Nos vemos no
Novo Mundo!