Eu me pergunto quase diariamente quando será que você vai
descobrir que é o amor da minha vida. Se eu sou o da sua ainda não sei, mas
suspeito que sim, ou pelo menos existe uma grande possibilidade de ser. Na
verdade, eu me sinto tão pequenininha toda vez que ouço seu nome, como se você
fosse ficando cada dia mais sábio e por consequência mais longe de mim. Não sei
se tenho como ser o amor da sua vida. Sinto que o tempo foi meio sacana em te
por uns anos a mais, ou uns a menos em mim. Devíamos estar caminhando juntos.
Devíamos estar nessa juntos. Mas você já está traçando mais uma rota, depois de
tantas, tantas... já está ligando mais um ponto, compondo mais uma obra,
deitando em mais uma cama; e eu aqui, ainda tão menina, descobrindo a vida, no
início da grande jornada – ainda que já tenha percorrido muito. Sinto que falta
tanta estrada pra te alcançar...
Descansa, homem, descansa. Faz uma pausa mais longa, respira
fundo, deixa a rede parar devagarinho de balançar. Sente o vento na cara, toma
mais aquele mate. Suspira, sente aquele vazio latente no peito. Se eu ainda não
tiver chegado, põe a mala e desce. Vem pro sul, volta pra essa terra de
ninguém. Eu também não quero viver aqui. Mas aí a gente se encontra junto. A
gente procura uma casa junto, ou sai pelo mundo junto.
Tem uma mulher aqui dentro, sabe. Sei que sou tão menina, e
tão menino também, a maior parte do tempo. Mas tem uma mulher aqui, pra você.
Tem todas as companhias aqui, pra você.
Falta pouco, amor, falta pouco. Mas não deixa passar.