quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pimenta bandeirante

De toda pimenta do pote
Comi a comida mais emocinante
Tombei no sabor e na aventura
Exagerei para provar bravura
Impressionei quem se interessasse
A boca abri e bravejei
Palavras singelas e vermelhas
Que da pimenta tomaram o corpo
Desfigurando suas primeiras intenções

Da bravura dissimulada
De desinteresse forçado
Da pimenta da orelha esquerda
Manifestações pelo meu corpo
Provam a humanidade de meus atos
E minhas víceras todas ardem
Como a ressaca da minha coragem
E meu rosto se põe em chamas
Naqueles veios que abrem caminho
descendo em direção ao peito
que antes tão imponente
agora mingua, na ausência do eu
Da firmeza do eu
Que advinha da força da comida
Comida encoberta pela pimenta

Agora o pote está vazio
Nem pimenta, nem comida
Nem audácia no meu peito
Mas um arder crepuscular
Que me tira as energias
E me dá forças
E me faz sentir viva, viva
Num queimar antes esquecido
Que faz jorrar o sangue
E dá vontade de morrer.

(24/06/08)

acho que hoje mudaria o último verso para "E dá vontade de viver"

Um comentário: