sábado, 15 de dezembro de 2012

... das águas



I

Você tem razão, aqui parece que não acontece nada.
Aqui acontece tudo, tudo, mas parece que não acontece nada.
Parece que não aconteço nada...
                Sinto falta do mar. Parece tão longe. Aqui parece tudo tão longe.
Quando é que o mar vai me levar?
Pronde é que o mar vai me levar?
                Sinto falta de ser navegador de mim.
                Tenho medo de naufragar nesse vácuo turbulento que me leva.
Quando é que o mar vai me levar?
                Quando? É que o mar vai me levar...
                               Quando é o mar, vem me levar.


II

É engraçado como cabe uma casa toda nesses 70 litros. A vida não precisa de mais que isso e uma boa companhia.


III

Eu nem sei por que lembro de você. Quando a gente desmergulha do sentimento e vê ele parado mais de longe até esquece a fundura que era.
Meu negócio é andar é por isso. Ali na estrada, pé na terra, parece que tudo isso aí vai se borrando, se dissolvendo no suor e sal. Vai deixando de ser importante, porque a natureza é bonita demais; o cansaço e o peso da mochila são revigorantes; a dor no corpo, a fome e os borrachudos incomodam com mais verdade, e a gente vê que o mundo segue mundo, com dor ou sem dor, com a gente ou não. E quando cê já tá pedindo arrego aparece uma água daquelas verdes ou azuis pra te sanar.
Nessas coisas todas a gente vê com mais clareza. O amor que doía vira saudade bonita dos tempo bom, o trabalho que cansava vira a risada dos companheiros de dia-a-dia, a família tão crítica vira momento de carinho e vida compartilhada, e os amigos, ah, esses são lembrança em cada farfalhar de folha.
É aí que a gente percebe que felicidade não tem desculpa, nem tempo.


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