quarta-feira, 24 de abril de 2013

scendentes



(suspiro profundo)

(suspiro profundo)

Coração,
meu corpo todo pede menos coração.
Esse sangue que corre pulsante em minhas veias,
apimentado, emocional, instintivo e racional
- ele não sabe que uma coisa se contrapõe à outra –
;
o corpo pede menos italianisse, menos molho,
menos sangue de tomate,
que o resto naufraga em tanto líquido.
Há horas oportunas para meus outros ancestrais se colocarem.
Agora, por exemplo.
A calma mineira (Favor apresentar-se no balcão principal).

Há uma sobriedade paulistana
e toques orientais de paciência e transcendentalismo
que são solapados pelas cores latino-americanas
e o fervor do protesto
a sede de justiça
e a vontade de amar.

O mar interno se manifesta.
Eu quero calmaria, ser ninada pelas ondas,
- não é tempo de calmaria
eu quero deitar na rede, bafo quente, manemolência,
- serás sugada por seus próprios tsunamis
algo assim, para fugir de mim;
que é verdade, às vezes nem eu me suporto.

Coração,
meu corpo todo pede menos coração.
Ele desce à barriga, dança com as borboletas.
Busca saída pelo útero.
Uf, como cresceu esse louco.
Lateja forte. Desmaio, desmaio mês após mês.
O carinho é grande, mas é difícil suportar.
É de muitos anos,
Poucos dias,
Às vezes algumas semanas.

E cedo ou tarde vou parir meu coração.
Ai de mim!

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