Bonito ia ser se o verão trouxesse essas pancadas de chuva
de 20 minutos, que refrescam, deixam com cheiro de terra e vontade de mar. E
bonito ia ser se os pingos gordos te levassem neles, todos eles levando um fragmentinho
de luz do teu sorriso, o mesmo verde-mistério dos teus olhos, a textura leve
dos teus cabelos, saciando a sede e o calor, como tua boca, teu corpo.
Bonito ia ser a gente em qualquer canto do mundo – onde haja
água, cachoeira, mar – brincando de fazer verão, primavera, provocando todas as
estações em nós dois, construindo desertos e oásis com nossos sentidos,
desenhando animais em nuvens de algodão-doce que se dissolvem na saliva e
aproveitando os redemoinhos das nossas ideias conjuntas para empinar pipas com
os vitrais sagrados daquilo que parecia intocável.
A gente devia era aproveitar, com empolgação infantil, o
frescor que dá na barriga quando o estômago balança que nem rede de praia no
embalo das emoções; correr longe, até o horizonte de nós, com os pés dos olhos,
e nos fundirmos em cor e luz num ocaso da razão individual, acampando na areia
e esperando com incenso de citronela e um tereré fresquinho o raiar do nosso
amor.
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