sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Verão amor – cantada úmida



Bonito ia ser se o verão trouxesse essas pancadas de chuva de 20 minutos, que refrescam, deixam com cheiro de terra e vontade de mar. E bonito ia ser se os pingos gordos te levassem neles, todos eles levando um fragmentinho de luz do teu sorriso, o mesmo verde-mistério dos teus olhos, a textura leve dos teus cabelos, saciando a sede e o calor, como tua boca, teu corpo.
Bonito ia ser a gente em qualquer canto do mundo – onde haja água, cachoeira, mar – brincando de fazer verão, primavera, provocando todas as estações em nós dois, construindo desertos e oásis com nossos sentidos, desenhando animais em nuvens de algodão-doce que se dissolvem na saliva e aproveitando os redemoinhos das nossas ideias conjuntas para empinar pipas com os vitrais sagrados daquilo que parecia intocável.
A gente devia era aproveitar, com empolgação infantil, o frescor que dá na barriga quando o estômago balança que nem rede de praia no embalo das emoções; correr longe, até o horizonte de nós, com os pés dos olhos, e nos fundirmos em cor e luz num ocaso da razão individual, acampando na areia e esperando com incenso de citronela e um tereré fresquinho o raiar do nosso amor.

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