sábado, 25 de junho de 2011

TICs

Ele olhava absorto para a tela do computador. Há mais ou menos uma semana que fazia isso com uma constância que beirava o insano. Ou o tédio. As páginas abertas eram sempre as mesmas: e-mails, documentos de trabalhos e as redes sociais. Estas ele conferia com frequência. Buscava notícias. Sinais. Qualquer coisa que ele poderia muito bem perguntar diretamente para ela. Mas não sabia se devia. Quer dizer, no final, não teria mal algum, teria? Ele podia simplesmente a chamar para uma cerveja. Não, cerveja não. Café? Cinema. Não, show. Foda-se, ele não ia fazer isso. Mas se ela chamasse, ele não negaria o convite. Aceitaria com entusiasmo. E depois passaria o dia pensando na merda que fez.
Ouvia o dia inteiro músicas que achava que ela gostaria de estar ouvindo, como se ela pudesse ouvir através dele. Buscava vídeos, filmes e textos que sabia que a fariam sorrir ou chorar, como se ela estivesse mesmo sorrindo ou chorando com ele.
Talvez tudo o que ele quisesse fosse um abraço. Talvez nem precisasse ser dela. Mas, ela. Por que ela? Por que logo ela? Talvez justamente por isso.
Talvez ela não fosse mais ninguém que ele mesmo, projetado naqueles cabelos longos e olhar malicioso. Talvez ele só precisasse trepar, sei lá.
O próximo passo a se tomar era óbvio: desligar o computador.

Um comentário: